Em setembro de 1999, no exercício da presidência da Academia Brasileira de Letras, tomei a iniciativa de criar a Biblioteca Rodolfo Garcia, que é a segunda da Casa de Machado de Assis, hoje com cerca de 100 mil volumes.
O ato teve a unanimidade da ABL, tornando necessário o despojamento de alguns aluguéis do 2º andar, para viabilizar a iniciativa. O nome (Rodolfo Garcia) foi dado por Josué Montello, a quem solicitamos a indispensável colaboração. Era a figura do seu antigo chefe na Biblioteca Nacional.
A construção demorou um certo tempo e foi concluída em 2015, na gestão Ivan Junqueira, quando houve a inauguração formal, para alegria dos imortais.
Na cerimônia de reativação da BRG, o acadêmico Alberto Venancio Filho, hoje diretor do importante setor, falou da sua emoção e citou os primeiros momentos de vida da instituição: “A segunda biblioteca seria o prolongamento da primeira, hoje num espaço exíguo. O local ideal seria mesmo o 2º andar do Centro Cultural do Brasil, uma área baixa de mil metros quadrados, o único do Palácio Austregésilo de Athayde ao qual se tem acesso pelo anexo já ocupado pela ABL.”
A minha iniciativa teve acolhida unânime da Academia. Escolhi também, com a ajuda da Maria Eugênia Stein, a arquiteta que deveria desenvolver o projeto. A construção começou pelo mandato de Alberto da Costa e Silva, até ser concluída na presidência do poeta Ivan Junqueira (2005).
A sessão de 30/9/99, em que foi criada a Biblioteca Rodolfo Garcia, foi comandada pelos seguintes acadêmicos: Arnaldo Niskier (Presidente), Tarcísio Padilha(Secretário-Geral), Evandro Lins e Silva(2º Secretário), Antonio Olinto (Tesoureiro), Geraldo França de Lima(Diretor da Biblioteca), João de Scantimburgo(Diretor da Revista Brasileira), Eduardo Portella(Diretor dos Anais da ABL), além dos seguintes imortais no plenário: Candido Mendes de Almeida, Celso Furtado, padre Fernando Bastos de Ávila, Josué Montello, Ledo Ivo, Marcos Almir Madeira, Murilo Melo Filho, Oscar Dias Correa e Roberto Campos. Desse total de 16, infelizmente, 12 já falecidos.
Hoje, a BRG tem uma média de 85 visitantes/dia e recebe diversos brazilianistas, dada a riqueza do seu extraordinário acervo. É objeto de visitas sucessivas. Dispõe de diversas coleções de alto valor literário, como é o caso da biblioteca de Marcos Carneiro de Mendonça, de extraordinário sentido histórico.
Nem sempre a ABL cuidou devidamente do seu patrimônio. Nos seus primeiros tempos não teve o cuidado de preservar, por exemplo, as leituras do patrono Machado de Assis. Hoje, lamentavelmente, existe apenas uma pequena estante com as leituras do patrono da ABL (algumas em inglês), sem deixar uma noção correta dos seus cuidados com a leitura.