Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > A berlinda de Renan

A berlinda de Renan

 

É incontestável, para os estudiosos, que as instituições políticas brasileira decaíram muito na representação de seus membros, incluindo entre elas o Senado Federal, que já foi a Casa que abrigou as mais altas figuras na militância política e administrativa. Quem leu, como eu, O Senado do Império, do saudoso Afonso de Taunay, fica desencantado. O presidente do Senado, Renan Calheiros, não fez por menos ao rebaixar ainda mais a Casa onde exerce o mandato parlamentar, levando ao plenário a esposa, para tornar mais dramática a sessão senatorial em que tudo fez para provar a sua inocência. Mas ele mesmo admitiu não ter provas de ter dado o dinheiro e é por esse motivo que será investigado.


Isto não seria admitido na maior parte da história do Senado brasileiro, desde o Império até a República. O Senado sempre foi poupado.


O senador Renan Calheiros, que tem qualidades para exercer a função parlamentar na Câmara Baixa e na Câmara Alta, também poderia ser o presidente do Senado, mas viu-se agora que lhe faltam dotes pessoais para a alta função na representação política brasileira. Bastar ler O Senado do Império, citado acima, para se ter uma noção - não completa, evidentemente - do que foi o Senado durante alguns decênios, no regime imperial e depois no republicano - até 1930, quando funcionou regularmente,e depois de 1946, com a Constituição Federal recém-aprovada.


O atual período sugere iniciarmos desde logo a reforma política pelas instituições representativas, pois elas apresentam o maior número de falhas que as comprometem perante a opinião pública altamente seduzida pelos trabalhos parlamentares.


Digo, aqui, que o senador Renan Calheiros não está honrando o Senado Federal do qual é presidente.


Diário do Comércio (SP) 31/5/2007