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A batalha da CPI

 

Chega ser incrível que nessa batalha da CPI dos Correios o presidente Lula está perdendo a sua intuição política, que o conduziu do torno mecânico ao Palácio do Planalto.


Coloquemos a questão. Foi constatado e se tornou pública a constatação que havia corrupção intensa nos Correios, com desvio de dinheiro e outras fraudes. Os adeptos da CPI, dentre eles um senador do PT, quiseram a CPI para ser apurado o que há de verdade na constatação, se é uma pela grave ou não.


Nada mais lógico, nem mais admissível do que essa providência, Lula se opôs e tudo faz para liqüidar no ovo ainda a CPI, que mostraria a opinião pública onde está a verdade. Lembre-se o presidente que a população sofredora já está exausta de ouvir sobre falcatruas, propinas e outras fraudes. Mas Lula insiste, contra seus interesses eleitorais.


A CPI é um instrumento com a finalidade de manter clarificada a democracia em que bem ou mal estamos nela. Onde está o instinto de Lula pela política? Com falhas até na Sedex, mas que toleramos para, ao menos, ter um correio em ordem, ainda que não completa, o presidente tudo faz para fulminar a CPI, aparentemente sem perceber que sua carreira, até agora brilhante, estaria comprometida, e o segundo mandato se evaporaria. Não é, evidentemente, o que Lula quer. Então, como ficamos? E no que deve refletir o presidente?


Vemos que nesse, como em outros episódios, o pedido está se armando de uma couraça autoritária, que acarretará a degeneração da estrutura partidária, não institucionalizada, por terem sido extintos os partidos em 1967 pelo presidente Castelo Branco, em hora de má.


Com os partidos que aí estão a CPI pode deslanchar e pode não deslanchar, mas o presidente da República deve se considerar primeiro magistrado e não um ser humano em alta posição atacado pelo morbo do mandato autoritário.


É o que pensamos da atitude do presidente no episódio parlamentar da CPI.




Diário do Comércio (São Paulo) 10/06/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 10/06/2005