Não sei se ainda existe, mas sou do tempo em que havia um joguinho de dados chamado Banco Imobiliário. Distribuíam-se notas simbólicas de dinheiro entre cinco ou seis participantes e cada um ia atirando os dados num tabuleiro onde estavam marcados os hospitais, escolas, hotéis, restaurantes, usinas, ferrovias, aeroportos, navios, minas disso e daquilo etc.
À medida que cada jogador atingia uma casa, ficava dono do negócio respectivo. Quem depois caísse numa dessas empresas, pagava alguma coisa ao proprietário. Com a continuação dos lances, depois de muitas rodadas, um dos jogadores ficava dono de tudo e de todo o dinheiro circulante.
No sistema do capitalismo globalizado, a tendência é repetir o mesmo jogo. Não se trata de simples ganância, mas de sobrevivência empresarial. Não se pode prever, mas, sem mudança nas regras do jogo, fatalmente um determinado grupo ou mesmo um determinado indivíduo poderá ficar dono de todas as fontes de produção e riqueza.
As fusões, nacionais ou internacionais, são etapas deste processo. Não adianta louvá-las nem satanizá-las. São e serão necessárias para garantir a normalidade do capitalismo liberal, a menos que o capitalismo estatal intervenha violentamente e interrompa a cadeia.
A recente fusão de dois grandes bancos brasileiros criou um gigante. Tanto o Itaú como o Unibanco têm tradição no mercado cultural, mantendo entidades que se destacam na promoção das artes e patrocínios. O Itaú Cultural e o Instituto Moreira Salles criaram uma tradição e uma rotina que certamente serão ampliadas.
Bem verdade que, no dia-a-dia do cidadão comum, ao pagar suas contas e taxas, o sistema bancário continuará sendo a expressão mais truculenta do capitalismo que alguns chamam de selvagem.
Jornal do Commercio (RJ) 06/11/2008