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Aprender para a vida

 

Uma das características do taylorismo era o trabalho até os limites permitidos pela fadiga. Quando ela se pronunciava, trocava-se o trabalhador por outro, sem a menor contemplação. Não havia jornada de trabalho, aposentadoria, licença-maternidade, nada disso. E não foi há tanto tempo assim (menos de 100 anos).


Hoje, sabe-se que a expectativa de vida do brasileiro alcançou 68 anos de vida. Com uma particularidade: cerca de 1/3 da existência dedicamos ao trabalho, sobrando os outros 2/3 para atividades variadas, como o estudo, o lazer, o convívio com outras pessoas, etc. Que papel exercem os cursos tipo MBA nesse processo? Devemos valorizá-los ou já chegaram ao seu momento de exaustão?


O que hoje se pede é uma certa moderação, para executivos do primeiro time, a fim de que o excesso de informação não os leve para muito distante do que chamamos de mundo real. Com a valorização da educação a distância, um fenômeno mundial, a pletora de diplomas não garante sucesso profissional. É preciso dispor, além dos conhecimentos, de uma imensa capacidade criativa e um acentuado espírito crítico, a fim de não aceitar como definitivas as informações passadas pelo professor ou mesmo pelas máquinas de ensinar, hoje tão presentes.


Deve-se pois, procurar sempre um diferencial em cursos oferecidos. Conhecer a matéria é fundamental, mas não podemos abandonar o princípio, cada vez mais vigente, de que se deve aprender para a vida. De que adianta tanto conhecimento se o indivíduo é incapaz de conviver com os outros? O emprego do computador suscita esse trabalho solidário, de grupo, porque é da essência da modernidade. Trocar informações, sem esconder particularidades, é um princípio de primeira ordem, antes inexistente porque se dava imenso valor às notas ou conceitos. Hoje, observa-se o formado em grandes instituições por prismas mais completos, em que se valoriza enormemente a sua conduta durante o curso. Pouca gente está prestando atenção nessa mudança de rumos educacionais, que é um realidade.


A qualidade de vida passou a ser elemento primordial, incluindo-se os cuidados com a saúde. E também atividades comunitárias que se estão ampliando de forma significativa. Tenho sempre em mente o que faz a Xerox com a Mangueira do Amanhã, projeto que conheço bem, além das iniciativas da Telemar no que tange ao campo da educação. A moda generalizou-se, executivos dão parte do seu tempo e da sua preocupação para melhorar as condições de vida em comunidades pobres, o que se pode interpretar como o começo de um grande e solidário projeto social do Brasil, de que na verdade foram pioneiras a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional.


Deseja-se a ampliação desse esforço, com a aplicação inteligente do tempo e até de recursos disponíveis para tentar a redução necessária dos imensos desequilíbrios sociais que marcam o nosso país, como revelam assustadoras estatísticas internacionais.


 


Jornal do Comércio (SP) em 09/03/2002

Jornal do Comércio (SP) em, 09/03/2002