Esse João Baptista da Silva, deputado pelo PFL, e "bispo" pela Igreja Universal, ou é idiota ou mora no mundo da lua. No momento em que o Brasil está mergulhado na maior crise política de sua história, quando cada mala preta, modelo 007, é suspeita de transportar dinheiro sujo, ele sai a público na capital da corrupção com várias pastas contendo dez milhões e duzentos mil reais. Se é de partido, portanto de fraude, ou da sua Igreja, é do portador a responsabilidade de esclarecer a polícia, que cumpriu o seu dever.
Deteve-o, e a mídia toda deu a notícia, acusando-o, desde logo, ainda que sem provas, de conivente com a terrível e fuliginosa fraude que tem como autor o pretensioso partido de Lula, o PT. Estamos, portanto, na era das malas pretas. Quem as tiver e quiser sair a público com uma delas, deve estar preparado para ser detido, e, mesmo, preso, por suspeita natural de conivência com a malandragem político-partidária, da qual o Partido dos Trabalhadores tem o mandarinato, sustentado por milhões de reais e até de cem mil dólares, em notas.
Chegamos, portanto, a esse ponto subalterno, o de que uma modesta e simples mala preta é suficiente para denunciar o portador como cúmplice da corrupção generalizada nos círculos políticos onde atua o PT e seus protegidos. Evidentemente, o "bispo" João Baptista da Silva apresentou seu álibi, afirmando que o dinheiro é produto das coletas da sua Igreja, tendo origem nos cultos onde se arrecadam fortunas dos fiéis, na maioria pobres, com poucos recursos.
Como se vê, a Polícia Federal age por simples suspeita, inclusive, como a Estadual quando prende nigerianos, supondo que são ladrões ou diferentes malfeitores. Esse é o ponto a que chegamos. É um vale tudo policial para deter participantes das bandalheiras político-partidárias que estão enxovalhando a nação na mídia mundial que, agora, nessa esterqueira, se farta em dar colunas e mais colunas das melhores páginas, dos horários nobres para esta pobre nação, elogiada no descobrimento por Pero Vaz de Caminha, com rara lucidez, que, no entanto, não alcançou esta fase pós-moderna de violenta corrupção. Foi a essa inferior conceituação que Lula nos fez descer, carregando, porém, o presidente no seu abismar-se pelo desempenho.
Fiquemos por aqui. O ambiente político sufoca.
Diário do Comércio (São Paulo) 18/07/2005