Não dava mais para segurar. A escalada da violência no Rio chegou a tal ponto de descontrole que a intervenção apresentou-se como um recurso excepcional, mas indispensável. Porém, sozinha, ela não faz milagres. O seu êxito depende da integração entre as Forças Federais, Estaduais e Municipais, uma conquista que a experiência recente já demonstrou não ser fácil. Mas é fundamental.
A outra foi justamente do recém-nomeado interventor federal, o general Walter Souza Braga Netto. A caminho do gabinete presidencial, quando perguntado se a situação no Rio estava muito ruim, fez que “não” com o dedo e acrescentou enigmaticamente: “ Há muita mídia”.
O que o general quis dizer com isso, que a culpa é nossa, da imprensa? Tomara que não, porque esse é o discurso dos que acreditam defender o Rio tentando esconder nossas mazelas, ou seja, tapando o sol com a peneira. Como aqueles reis que mandavam matar o emissário da má notícia _depois de recebê-la, claro _ é mais cômodo transferir a responsabilidade para a imprensa.
Essa, felizmente, não é a opinião do presidente Temer, que chegou a comparar o crime organizado no nosso estado com uma “metástase” que se espalha por todo o país. Daí admitir que a providência era extrema: “às vezes é necessário tomar essas atitudes para restaurar a ordem”.
O governador Pezão gostaria que a medida fosse por tempo indeterminado.
Vamos com calma. Para quem viveu o golpe militar de 1964, a lembrança ainda permanece como trauma. Acreditava-se então que a intervenção seria uma questão de meses. Durou 21 anos. Portanto, todo cuidado é pouco.