Durante anos, eu atribuía as desgraças do Brasil ao fato de não terem encontrado os ossos de Dana de Teffé, assassinada há uns 40 anos pelo amante e advogado Leopoldo Heitor. Seus ossos nunca foram encontrados. O Brasil inteiro atribuía ao desaparecimento de Dana todos os problemas que entravavam o
seu progresso.
Dana de Teffé era uma bailarina que pertencia ao grupo do Marquês de Cuevas, na época a companhia de balé mais famosa do mundo. Encerrada sua carreira, ela se tornou espiã de vários Estados fascistas, que eram muitos nos anos 1930 e 40.
Leopoldo Heitor era um gênio. Levou sua amante para um passeio de carro. Dana nunca mais apareceu nem viva nem morta. O Brasil comprou equipamentos especiais para revolver a terra de todo o território nacional. Encontraram ossos de galinha, de cachorros, de gatos e de alguns fetos que os pais deram sumiço.
Examinados por peritos internacionais, nenhum desses ossos eram de Dana de Teffé. Os jornais noticiavam o seu desaparecimento em manchetes indignadas. Dana era rica e Leopoldo Heitor ficou com todos os bens dela, que eram muitos.
Eis que nesta semana, a Folha encaminhou-me uma mensagem de leitor anônimo sobre o caso que empolgou o país, afirmando que a ossada de Dana de Teffé foi achada em Paraty, na antiga casa de Leopoldo Heitor. Um relógio com o nome de Dana foi encontrado entre os ossos. A casa fica no largo de Santa Rita, atrás da cadeia velha.
Houve um precedente esportivo. O Vasco era o "Expresso da Vitória" e deu uma surra de 12 a 0 no Andaraí, clube que não mais existe. Um torcedor do time derrotado enterrou um sapo no estádio vascaíno, o Vasco nunca mais venceu o Andaraí. O resgate dos ossos de Dana certamente fará o Brasil encontrar o seu desenvolvimento sustentável.