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Adolescente no banditismo

 

Faz poucos dias, num dos restaurantes da Vila Madalena, três bandidos, dois jovens e uma jovem, mais moça do que os bandidos masculinos, praticaram o arrastão, passando para o seu poder dinheiro, jóias, celulares e outros bens das vítimas. Na saída, tiveram tanta falta de sorte que passava pelo local um carro da polícia. Atiraram, mas, amadores, não acertaram.


Os policiais, esses acertaram e acabaram prendendo um dos meliantes e a adolescente menor de 18 anos. Estava feito o flagrante, faltando pegar apenas um, que fugiu deixando os companheiros.


A cena é banal na grande cidade que é São Paulo. Deixa de ser banal, no entanto, por serem os três muito jovens, sobretudo a menina, que, com 18 anos incompletos já é delinqüente.


A grande cidade, uma das maiores do mundo em extensão e das mais povoadas, registra diariamente a prisão de jovens, todos criminosos, com várias mortes no seu ativo de criminosos. Os pais moram em favelas, as mães trabalham para ajudar a manter a casa e os filhos vão roubar, atirar para matar, como ocorreu nesse episódio da Vila Madalena, só não acertando por serem amadores e não profissionais.


Não cursavam escola alguma. Eram, apenas, alunos do crime organizado e da ganância de ganhar facilmente dinheiro dos frequentadores de um dos bares elegantes das zonas convidativas de São Paulo. Quem desencaminhou esses jovens? O ambiente perverso em que vivemos.


Nunca na minha mocidade ouvi falar que um jovem sairia pelas ruas de uma cidade grande, apropriada para esconderijo de criminosos, e praticaria atos violentos, se apropriaria dos haveres de frequentadores descuidados dos bares dos arredores do centro e só iriam para a cadeira se tivessem o azar de cair nas mãos de policiais preparados para enfrentar bandos de ladrões e criminosos, como os que saem todos os dias nas páginas dos jornais.


É onde chegamos, nesta fase em que o velho São Paulo, que era tranqüilo para passeios à noite, e a maioria tem, por isso, medo de sair à noite e de frequentar os bares e restaurantes da moda.


As autoridades, os religiosos de vária confissão, têm tudo feito para bem encaminhar os jovens. Mas a Febem continua cheia de adolescentes preparados para sair e integrar bandos de criminosos de pouca idade, de futuros próximos da futuridade.


Tudo tem sido feito para bem encaminhá-los, sobretudo por religiosos dedicados ao mister que se propuseram. É, porém, inútil, pois o mal está com mais força do que o bem e atraem os adolescentes e jovens de pouco mais de idade para o roubo, o arrastão com armas empunhadas, prontas para atirar nos policiais que os perseguem e os prendem, na maior parte das vezes.


Não há como acabar com essa propensão para o vício, mas é possível deter a onda malsã com trabalho, educação própria da idade dos ativos assaltantes e bandoleiros. Tem de ser assim, para evitar no futuro bandos tão numerosos que nem a polícia poderá com eles.


 


 


Diário do Comércio (São Paulo) 02/03/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 02/03/2005