Essa publicação faz parte da coleção Série Essencial
João do Rio morreu dentro de um táxi. Naquele ano de 1921, os automóveis que tartarugavam na então capital da República, e substituíam os tílburis, eram o símbolo da velocidade. A Avenida Central, aberta pelo Prefeito Pereira Passos, e em 1912 tornada Avenida Rio Branco com a morte do barão, constituía a referência incontestável do nosso progresso e civilização. Tempo de transformações.
O Rio deixara de ser o centro de um Império, para ser a capital de uma República. Uma nova sociedade especuladora, mercantilista e arrivista, surgia dos destroços de uma vitoriana sociedade tropical, fundada na impiedade e crueza da escravidão e do domínio dos grandes proprietários de terra. Uma aristocracia econômica e política sustentava o cetro imperial e os privilégios e injustiças inerentes a uma Nação separada pela riqueza da minoria dominante e a pobreza que ia até a miséria extrema dos dominados.
“O Rio civiliza-se”, proclamava o cronista social Figueiredo Pimentel. A cidade importava quase tudo, da manteiga às volúpias trazidas pelas cocotes francesas que tão graciosamente ornamentavam as maisons closes, os cabarés e as lojas de moda da Rua do Ouvidor. [...] Lêdo Ivo