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Linguagem e Estilo de Machado de Assis, Eça de Queirós e Simões Lopes Neto (2007. 344 pp.)

Aurélio Buarque de Holanda Ferreira

Essa publicação faz parte da coleção Coleção Antônio de Morais Silva

 

Machado de Assis tem a grande virtude de ser um dos raros homens de letras brasileiros em quem se realiza uma sábia harmonia do gramático com o escritor. O comum é repelirem-se essas duas criaturas. O gramaticógrafo, por via de regra, escreve duro, áspero, a frase comprimida dentro das regras como em camisa-de-força; o escritor, se alcança a clareza e a simplicidade, sacrifica, barbaramente às vezes, os preceitos da boa linguagem. Castilho e Eça de Queirós em Portugal, Mário Barreto e Lima Barreto no Brasil - para citar apenas dois pares de casos, e sem sair da língua portuguesa. Dificílimo encontrar-se a perfeição da língua aliada à elegância sóbria do estilo.

Eça precisava de uma língua de maior poder objetivo, arraigada no tumulto da vida corrente; mais viva, mais límpida, mais dúctil, capaz de traduzir em todos os matizes as novas realidades que ele intimamente se sentia chamado a exprimir. E teria de adaptá-Ia à expressão de uma característica do seu temperamento a bem dizer inédita em letras portuguesas: a ironia.

Característica fundamental da língua de Simões Lopes Neto, já salientada por Augusto Meyer, é a feliz combinação da maneira literária com a linguagem oral- a fala espontânea e viva dos seus heróis. O comum entre escritores regionalistas é portarem-se ante o homem do povo como o espectador fino e sutil que se delicia com as "tolices" do linguajar errado, caprichando ele o máximo na sua linguagem - como para guardar distância. Ele observa o pitoresco, lá da platéia; mas longe de querer para si mesmo alguma coisa daquele pitoresco; nada de confundir-se com o ator.

 

Ficha da Obra

Autores: 
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira
ISBN: 
978-85-7440-244-4
Ano: 
2007
Páginas: 
344
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