Essa publicação faz parte da coleção Coleção Austregésilo de Athayde
Carlos Castello Branco é o comentarista político que fez escola. Observador sagaz da cena pública, ele, apesar das amizades que foi reunindo, jamais hipotecou a sua autonomia ou deixou que as ingerências subjetivas conduzissem as avaliações objetivas. A sua palavra se impôs para além das contendas habituais. Por isso fez escola. E porque soube orientar a militância jornalística por impecável coerência ética. [...] Carlos Castello Branco tem plena consciência de que, ao contar estórias, optou por ofício complexo e difícil. Por isso dialoga freqüentemente com o leitor hipotético, explicando e dando satisfações da sua peripécia narrativa. [...]
Aqui, nestes "continhos", contões e outras coisas mais, as relações pessoais rendem sua homenagem a Eros. Contudo o seu sensualismo prefere não passar por cima das regras elementares do bom comportamento. Há mesmo um certo pudor verbal nas descrições, encontros e promessas que ganhariam ficcionalmente se o controle moral fosse menor. Mas Carlos Castello Branco não vacila em manter o eixo ético do seu empreendimento narrativo. Ele chega a ser um divisor de águas entre a evidência e o sonho, entre o dispositivo social repressor e as ambições contrafeitas da transgressão. [...] (Eduardo Portella, Relatos da vida cotidiana, na apresentação do livro).