Essa publicação faz parte da coleção Coleção Afrânio Peixoto
Lúcio de Mendonça fez parte da geração literária combativa e veemente, antimonárquica e anticlerical, que lutou pela abolição e a república. Como a época em que viveu, o gosto pela polêmica estava em seu sangue e em sua pena. Tinha paixão pelas atitudes extremas.
Jornalista combativo, sempre disposto ao debate e até mesmo ao escândalo, foi poeta lírico um tanto convencional e poeta social desabusado e provocador. O melhor de sua poesia encontra-se aí, sobretudo quando vibravam em seus versos a revolta e a indignação, muitas vezes identificadas com a mensagem de Cristo. São dele os versos incendiários que afirmam que “vós não vos salvais se não bebeis/todo o sangue do último dos padres/pelo crânio do último dos reis!”. Como memorialista adoçou os seus ímpetos, mostrando o Lúcio de Mendonça afetuoso, romântico, amigo exemplar.
Deixou uma meia dúzia de contos excelentes, obrigatórios nas antologias da época, com destaque para Luís da Serra, Coração de Caipira e O Hóspede, que José Veríssimo comparou a uma obra de Maupassant. [...] [Apresentação de Ubiratan Machado]